sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Concurso de poesias da UFMA: uma sucessão de erros

Recentemente, aconteceu uma coisa na cidade que me deixa meio pensativo: a universidade Federal do Maranhão abriu inscrições para o concurso de poesias da UFMA. Até ai, quase tudo bem. Antes, devemos refletir, o pelo menos jogar as cartas na mesa, sobre esse tipo de concurso.

O concurso de poesias da UFMA tem como princípio premiar a melhor poesia. Para mim, alguma coisa soa estranho. Primeiro, se poesia é arte, como julgar a arte, que é uma expressão do ser humano? Como dizer que uma pessoa tem mais sentimentos, ou reflexão para dizer que a outra? Se o poema é uma obra de arte, o que está em jogo é a sua estética, ou não? Nisso, entramos em mais um turbilhão de dúvidas: o conceito de belo não é excessivamente relativo, e muda de acordo com as concepções da sociedade? Julgar um poema é como se eu estivesse dizendo que um quadro, ou uma escultura é mais bonita que a outra, algo impensável do ponto de vista estético. Eu não posso dizer que um quadro do Rafael, Picasso ou mesmo Kandisky seja mais bonito que de artistas mais contemporâneos,como Ernesto Neto, Alfredo Volpi ou Tarsila do Amaral e seu Antropofagia; ou mesmo dizer que Balzac, Didero, Ernest Hemigway, Augusto dos Anjos sejam mais talentosos que Oswaldo de Sousa, Cecília Meireles, Lya Luft, Arnaldo Antunes ou Clarice Lispector, cada um tem sua beleza particular, expressão própria, é isso que os faz da obra de arte universal, carregada de regionalismo humano, de distintos pontos de vistas, em outras palavras, ser obra humana (de arte). Me perdoe a ignorância, mas na verdade, eu não entendo.

Mas o concurso da UFMA tem um absurdo a mais, além desse: antes do concurso acontecer, houve uma seleção das poesias que poderiam concorrer no concurso (continuo não entendendo) - um pré-concurso. Por incrível que parece, todos os finalistas selecionados já são poetas conhecidos da grande maioria do público, sendo assim, uma deslealdade contra os jovens poetas iniciantes. Será que a universidade não poderia errar menos escrevendo em seu concurso só poetas iniciantes? Para mim, uma sucessão de erros cometidos pela Universidade Federal do Maranhão.

Antes do fim, quero dizer que tudo isso que escrevi aqui não foi por dor de cotovelo de um candidato que não foi selecionado, nem me escrevi, afinal, não sou poeta e nem tenho a pretensão de ser (admiro quem tem). O que me motiva a tamanha revolta é o fato de inúmeros poetas talentoso, conhecidos meus ou não, ficarem de fora desse concurso. Gente talentoso, que nos emocionam com suas palavras sensíveis, grandes nomes da poesia contemporânea, mesmo não sendo conhecidos. O que me consola é o fato de que nem todos os grandes poetas de nosso país, e de outros, terem sido reconhecidos pelo grande público durante suas vidas, ou mesmo terem perdido em concursos como esse, como Augusto dos Anjos e Sousandrade, o que não diminuía em nada o talento sobrenatural que eles tinham. Estou certo de que, no futuro, a UFMA vai lamentar ter deixado de fora nomes grandiosos de nossa próxima geração literaria, visto ser aqui um celeiro de poetas talentosos e que sempre dão orgulho ao nosso Estado.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

O Português falado no Maranhão: múltiplos olhares




Quando se pensa seriamente sobra a língua portuguesa, deve-se levar em conta os inúmeros trabalhos publicados a cada ano pelos inúmeros órgãos universitários que têm feito estudos sistemáticos do português brasileiro. Tentar diferenciá-lo do português europeu, traçar suas marcas identirárias e perceber a relação entre a língua com as inúmeras culturas que vivem juntas no Brasil e o resultado dessa relação são só alguns dos objetivos desses estudos. Para Sociolinguística, qualquer investigação linguística que se faça deixando de fora as inúmeras relações sociais existentes nos grupos humanos acaba por cometer os mesmos enganos cometidos pelos estudos gramaticais ao longo dos séculos.

É também um dos objetivos da Sociolinguística, da Dialetologia e da Geolinguística brasileiras mapear os inúmeros falares no Brasil. Qualquer leigo sabe que um maranhense não fala como um gaúcho, carioca ou paulista. Essa consciência da variação tem apoio nos estudos geolinguísticos, sociolinguísticos e dialetológicos. Nesse sentido, não seria muito pensar em diferenças dialetais entre os estados brasileiros, em outras palavras, é possível falar em português falado em São Paulo, Rio de Janeiro e no Maranhão.

Quanto ao português falado no Maranhão, são muitos os mitos que o cerca: o primeiro e o mais famoso deles é o de que, no Maranhão, fala-se o melhor português do Brasil; outro mito é de que os falantes de português do Estado não se tem sotaque; esses e outros mitos fazem do português falado no Estado uma incógnita para os estudos dialetais e sociolinguísticos brasileiros, visto que não havia (ou havia poucos), até o ano de 2000, estudos que confirmassem essas ideias que já estão arraigadas no inconsciente da coletividade brasileira.

Com vistas a confirmar, ou mesmo, desfazer essas ideias, o Projeto Atlas Linguístico do Maranhão - Projeto ALiMA, do curso de Letras da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) - lança sua terceira edição da série de trabalhos sobre os estudos linguísticos maranhenses: " O português falado no Maranhão: múltiplos olhares". O livro é uma coletânea de artigos produzidos a partir dos dados do Projeto ALiMA feitos pelos professores pesquisadores e auxiliares de pesquisa do Projeto. Foram contemplados, nessa obra, inúmeros aspectos linguísticos do português falado no Maranhão, como os aspectos fonéticos, fonológicos, semânticos-lexicais, e aspectos sintáticos da língua. Esses aspectos são alvo das análises e das interpretações dos pesquisadores e estudiosos da fala maranhense do ALiMA.
Os textos foram organizados por três professores do departamento de Letras da UFMA, professores pesquisadores da área da Sociolinguística, da Geolinguística e da Dialetologia, professora doutora Conceição de Maria de Araujo Ramos, professora doutora Maria de Fátima Sopas Rocha e o professor doutor José de Ribamar Mendes Bezerra, todos pesquisadores do Projeto ALiMA. Além dos professores pesquisadores, são autores de artigos os auxiliares de pesquisa do Projeto, que são as mestres Cibélles Béliche, Zuleica Barros, Heloísa Curvelo, e Georgiana Santos, e os alunos graduandos do curso de Letras da UFMA, Artur Pereira Santana, Denise Aymoré, Edson Lemos, Gizelly Fernandes, Juliane Cutrim, Luís Henrique e Wendel dos Santos e as professoras Karla Pereira, Lígia Siqueira, Rafaela Abreu e Sandra Nívea.
Além do livro o português falado no Maranhão: múltiplos olhares (2010), são também livros importantes para o entendimento do português falado no Maranhão " O português falado no Maranhão: estudos preliminares" (2005) e " A diversidade do português falado no Maranhão: o Atlas Linguístico do Maranhão em foco" (2006), todos coletânea de artigos produzidos pelos professores e auxiliares de pesquisa do Projeto ALiMA.
Essas obras são importantíssimas para quem quer conhecer, mais seriamente, o português falado no Maranhão, visto que elas trazem informações científicas alinhadas com a Sociolinguística, a Dialetologia e a Geolingística e seus métodos. Recomendamos essa obra a estudantes e profissionais das áreas de Letras, Ciências Sociais, História, Antropologia, Sociologia entre outras áreas que tenham o homem e sua cultura como objeto de pesquisa.
Para adquirir essa obra, e as demais apresentadas aqui, é necessário entrar em contato com o Projeto Atlas Linguístico do Maranhão (ALiMA) pelos emails: projetoalima@gmail.com, alima@ufma.br.

Luís Henrique Serra
Aluno do curso de Letras da UFMA


quarta-feira, 20 de outubro de 2010

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Osvaldo Montenegro - METADE (inspirado em Traduzir-se - Ferreira Gullar )

Que a força do medo que eu tenho,
não me impeça de ver o que anseio.

Que a morte de tudo o que acredito
não me tape os ouvidos e a boca.

Porque metade de mim é o que eu grito,
mas a outra metade é silêncio…

Que a música que eu ouço ao longe,
seja linda, ainda que triste…

Que a mulher que eu amo
seja para sempre amada
mesmo que distante.

Porque metade de mim é partida,
mas a outra metade é saudade.

Que as palavras que eu falo
não sejam ouvidas como prece
e nem repetidas com fervor,
apenas respeitadas,
como a única coisa que resta
a um homem inundado de sentimentos.

Porque metade de mim é o que ouço,
mas a outra metade é o que calo.

Que essa minha vontade de ir embora
se transforme na calma e na paz
que eu mereço.

E que essa tensão
que me corrói por dentro
seja um dia recompensada.

Porque metade de mim é o que eu penso,
mas a outra metade é um vulcão.

Que o medo da solidão se afaste
e que o convívio comigo mesmo
se torne ao menos suportável.

Que o espelho reflita em meu rosto,
um doce sorriso,
que me lembro ter dado na infância.

Porque metade de mim
é a lembrança do que fui,
a outra metade eu não sei.

Que não seja preciso
mais do que uma simples alegria
para me fazer aquietar o espírito.

E que o teu silêncio
me fale cada vez mais.

Porque metade de mim
é abrigo, mas a outra metade é cansaço.

Que a arte nos aponte uma resposta,
mesmo que ela não saiba.

E que ninguém a tente complicar
porque é preciso simplicidade
para fazê-la florescer.

Porque metade de mim é platéia
e a outra metade é canção.

E que a minha loucura seja perdoada.

Porque metade de mim é amor,
e a outra metade…
também

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Papai Lula e seu filho Brasil

Sei que, certa vez, escrevi aqui que Lula foi (e sempre será) o melhor presidente que o Brasil já sonhou em ter. Digo isso não por suas decisões políticas ou por suas (nada convencionais) alianças internacionais, mas porque nele você podia ver uma vontade de mudar o Brasil. Era claro, no rosto do presidente do País, a vontade de mudar a vida dos brasileiros, independente de suas posições sociais, apesar da reclamação da classe média. Mas, talvez, o que Lula não esperava (ou talvez sim) é a face podre e obscura da política brasileira (ou mundial). Acredito que até de certo modo, o nosso humilde presidente lutou, mas sem sucessos, deixou-se abater quase no fim da caminhada. Entendo que só a vontade em Lula não fora suficiente, tinha que ter mais, mais visão, mais compreensão, mais que feijão com arroz, tinha que ter mais investimento em educação e saúde. Sem dúvidas Lula governou o país como um pai nordestino, que em sua maioria (dada as circunstâncias) pensa que “só encher o bucho dos meninos tá bom”. Mas não podemos negar a vontade do presidente de mudar o Brasil, ver ele mais “taludinho”, mais forte, mais importante. Não fora as forças “sobre naturais” (Lembrem Jânio) talvez ele conseguisse. Espero que enquanto eu estiver vivo surja outro homem com a vontade de Lula, só que com uma visão mais ampla de desenvolvimento de um país.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

LEIA, É RAPIDINHO....

Se o título que pus nesse texto te atraiu, cuidado, você é um cidadão vítima do maior vício que a humanidade tem sofrido nos últimos tempos: a presa.

Eu estava aqui, fazendo nada, e como toda e qualquer pessoa que tem um blog e que estão com a cabeça fervendo, decidi escrever uma prosa com o mais justo dos títulos de prosa. Meus dedos começaram a tremerem porque minha memória e consciência estavam borbulhando, então decidi escrever algumas coisas que eu estava pensando comigo mesmo.

Sei que aqui não é o Twitter, mas devo me manifestar, já que não o faço aqui há bastante tempo. Estava pensando acerca da tecnologia, as coisas modernas, quantos avanços a ciência tem alcançado em todos os ramos do conhecimento humano, quanto à falta de tempo que nós temos sofrido nos últimos século. Apesar de ser algo que já foi previsto por Jesus Cristo há século, tem sido algo que as tecnologias mais modernas não têm conseguido evitar . Por mais que corramos, ultimamente não temos tempo para quase nada. Corremos, comemos, andamos, nos vestimos, andamos em veículos silenciosos e rápidos, porém, quanto mais rápido estamos, menos tempo temos, o que nos faz refletir ainda mais sobre essa tal tecnologia que nos "facilita a vida".

Carros rápidos, email, dowload, PCs, JGVYWX 395, e muitas outras siglas que o léxico de nossa bem desenvolvida língua possa suportar, nos prometem encurtamento de tempo, o máximo possível. A palavra da vez é "rapidez". O produto no mercado que tenha a maior capacidade de nos oferecer tal qualidade, esse é o lucrativo. Prova disso, é o mui planejado e querido "trem bala", que está as vésperas de ser instalado em nosso país, é na verdade um ícone dessa sociedade pós-moderna (gosto de falar isso, parece inteligente).

Algo interessante, é pensar como essa mesma sociedade que corre, em máquinas poderossissímas está sempre atrasada, ou mesmo, cheia de coisas pra fazer. Na verdade, a presa da humanidade tem feito ela se esquecer das coisas boas da vida, de como é bom olhar para o mundo e ver as coisas boas. de como o mundo é cheio de beleza, criadas justamente para nosso deleite.... A presa tem feito o homem esquecer-se de seu semelhante, de ver que além dele, há outras pessoas no mundo. Sem dúvidas, o bom da vida é viver bem e ver os outros bem também. Pense nisso....

Agora pode ir atrás do que você estava, com presa, procurando....

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Ferreira Gullar e o prêmio Camões


Na última segunda-feira, dia 31 de Maio, a diretora do Instituto Camões de Literatura, Gabriela Canavilhas, anunciou como vencedor do Prêmio Camões de Literatura o poeta e critico de arte maranhense Ferreira Gullar. O prêmio é uma espécie de prêmio nóbel da literatura de língua portuguesa atribuído aqueles que enriqueceram a literatura lusófona com suas obras literárias.


O prêmio foi atribuído a Gullar pelo conjunto da obra, que é constituída por inúmeros ensaios de critica de arte, poemas, crônicas, literatura infanto-juvenil, além de peças de teatro, telenovelas. O maior valor, para a academia lisófona, da literatura de Gullar é o seu carater político e revelador, sem deixar de mão uma forte dose de estética e força.


Na literatura, especificamente na poesia, Ferreira Gullar tem uma vasta e já consagrada obra, constituída por Um pouco Acima do Chão, Muitas vozes, Barulhos, Poema sujo, Na Vertigem do dia, Dentro da Noitre Veloz entre outros. Tais livros são um complexo expressivo de um eu-lírico que tem tanta expressão, que uma só forma de código não lhe é suficiente. A obra de Gullar é marcada por intensas mudanças, as vezes espantosas que podem ser traduzidas como um eu-lírico desesperado para falar, mas que nunca é ouvido, um eu-lírico cheio de vida e planos bons para seu povo, mas que nunca é ouvido, e que portanto, tem que mudar seu código para sempre tentar ser compreendido.


Como todos sabem, Ferreira Gullar é maranhense, uma dessas muitas pérolas que saem daqui e fazem a literatura de nosso país ser única e cheia de vida. Sem dúvidas Ferreira Gullar merece muitos outros prêmios, dado seu valor artístico e literário que é agudo e cheio de uma vivaz e intensa força expressiva, o poeta sente a aflição de seu povo e de suas dificuldades e cresce junto com ele. Em suas próprias palavras: " Meu povoi e meu poema crescem juntos, como cresce o fruto na árvore nova"