quarta-feira, 12 de junho de 2013

Roberto Juarrez - Um fundo de um ser revelado



Sou fã incondicional da poesia feita a partir das sensações. Ferreira Gullar tem em mim um grandiosíssimo admirador pela poderosa combinação entre a simplicidade e a profundidade de seus poemas. O cotidiano, o instante, a aproximação consigo mesmo em um ponto quase inatingível para um ser-humano mortal é o grande trunfo de Gullar. Contudo, Ferreira Gullar não é o único poeta com tais habilidades.


A Argentina é um caldeirão de grandes nomes das artes no geral. O cinema, a pintura e a Literatura são artes que têm grandes representantes no pais portenho. Dentre esses grandes artistas, chamo a atenção para um grande nome da poesia argentina, Roberto Juarrez . Grande preletor, intelectual e artista, Roberto Juarrez deslumbra-nos com uma poesia complexa, do ponto de vista das imagens, mas extremante profunda, do ponto de vista do significado. O poeta é um conhecedor singular da alma humana. Dona de uma erudição rara e de um poder magnifico de mexer com o significado entre posto entre palavras e meios, Roberto Juarrez é merecedor infinitamente de nossa atenção por parece querer nos contar algo de sublime, algo que parece oculto, mas que é óbvio, algo que nos falta encontrar em nós mesmo. Juarroz nos convida a embarcar dentro de nós mesmo para resolver nossos próprios problemas. 
Quanto a seus temas, o homem em sua essência é sua maior inspiração, o que o faz um poeta que se aproxime de Hilker, Gullar, Bandeira entre muitos outros que se arriscam entender o que é "ser" e o que é "estar", o que é "viver". A seguir, um poema de Juarrez, que me lembra muito um poema de Rilker chamado "Hora Grave", colocado junto para confirmar o diálogo que há entre os dois poemas, formando uma espécie de microcosmo da alma humana. 


- Hora Grave

Quem agora chora em algum lugar do mundo,
Sem razão chora no mundo,
Chora por mim.


Quem agora ri em algum lugar na noite,
Sem razão ri dentro da noite,
Ri-se de mim.

Quem agora caminha em algum lugar no mundo,
Sem razão caminha no mundo,
Vem a mim.

Quem agora morre em algum lugar no mundo,
Sem razão morre no mundo,
Olha para mim.

(Tradução: Paulo Plínio Abreu)

Mientras haces cualquier cosa,
alguien está muriendo.
Mientras te lustras los zapatos,
mientras odias,
mientras le escribes una carta prolija
a tu amor único o no único.
Y aunque pudieras llegar a no hacer nada,
alguien estaría muriendo,
tratando en vano de juntar todos los rincones,
tratando en vano de no mirar fijo a la pared.
Y aunque te estuvieras muriendo,
alguien más estaría muriendo,
a pesar de tu legítimo deseo
de morir un minuto con exclusividad.
Por eso, si te preguntan por el mundo,
responde simplemente: alguien está muriendo.



Dois poemas estrondosos e que mexem com o mais profundo de nossa existência, um ponto desejável por todos os artista, o que denota a majestade desses dois poetas, em particular a de Roberto Juarrez. A seguir, no link abaixo, o livro Poesia Vertical, do Roberto Juarrez. Espero que você possa se deleitar na leitura de Juarrez, um embarcador que nos leva para locais impróprios e raros de nossa existência.





Livro POESIA VERTICAL ROBERTO JUARREZ

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