Esse blog eu ofereço a todas as pessoas que são como eu, que gostam de estarem antenadas com o mundo, e opinarem da forma mais espontânea possivel. Se você se amarra em ver as noticias que passam por ai e vê-las de sua forma, de uma lida nesse blog. Até mais, agente se vê....
segunda-feira, 22 de março de 2010
PRESO [LIVRE]
Preso no mais livre cosmos universal,
E enquanto a cidade grita, pânica, por meu nome:
Meus pensamentos não saeem de você.
Se eu quisesse ser livre, não o seria,
Porque você, meu ódio, meu amor,
É como grude solto nas garras da liberdade;
É como um suor de letras que vertem de meu coração
E que caeem, secas em meu papel.
Molhadas pelos sentimentos mais absurdamente vazios.
Enquanto a cidade grita meu nome, eu sussurro o seu.
Enquanto você movimenta-se em meu imaginário,
Eu paro, movimentando-me a seu encontro.
Na porta de meu quarto, a consciência me chama
Para a dura realidade mole e (des)sentida
Fresca e calorenta dos opostos.
sexta-feira, 19 de março de 2010
São Luís no prisma Gullariano
"O homem está na cidade como uma coisa está em outra e a cidade está no homem que está em outra cidade.
mas variados são os modos como uma coisa está em outra coisa:o homem, por exemplo, não está na cidade nem como uma árvore está em qualquer uma de suas folhas"
Desde moço Ferreira Gullar já anunciava que seria um gradiosissimo poeta. Participou de muitos concursos de poesia, onde quase sempre ganhava. Uma curiosidade é que seu primeiro Livro " Um poco acima do chão" em que já demonstrava muito talento, apesar de o próprio poeta achar que não, é fruto de um concuro em que ele ganhou em primeiro lugar, o prêmio seria a publicação de um livro, dai surgiu seu primeiro trabalho, dois anos antes de ele ir para o Rio de Janeiro.
Em um trecho de Poema Sujo , Gullar confunde-se com a própria cidade, diz que nele habita a plenitude do espaço "saoluisense":
"Mas sobretudo meu corpo nordestino mais que isso maranhense mais que isso sanluisense mais que isso ferreirense newtoniense alzirense" (grifo meu)
Nesse trecho fica bem claro esse eterno amor por São Luís. Ao logo de todo o poema, a lembrança da cidade amada é amarrada a seu tempo de criança, boas e saborosas cenas sempre acontecem em São Luís do Maranhão, independênte se ele estivesse na Argentina, França ou Chile, países onde ele ficou exilado durante a ditadura. Outra imagem atrelada a São Luís é a da figura do pai , de quem o poeta sempre faz menção.
Mesmo com as poucas provas aqui demonstradas,( para mais, consultar a obra do poeta) é de se crer que são suficientes para mostrar o quanto a cidade de São Luís mora no coração e na poesia de Ferreira Gullar. O mito de que São Luís não existe para Ferreira Gullar com certeza cai como uma bomba para o poeta, pior até que a bomba suja que como visto aqui, ama a cidade mesmo longe.
GULLAR, Ferreira. Poema sujo. Rio de Janeiro: circulo do livro, 2000.
MACEDO, Diogo Andrade de. Traços estilísticos de Ferreira Gullar em Poema Sujo, 1976. Disponível em << http://www.mafua.ufsc.br/diogo.html>> acesso dia 19/03/2010.